Escrito por Patrícia Almeida
Esta é a primeira postagem sobre desenvolvimento das Cidades e o homem do século XXI, que nós estamos estudando, tendo como pano de fundo a cidade de Santa Branca. Honrar a ancestralidade não é só uma questão moral de cada povo, como se tivéssemos que ser obedientes aos nossos pais, avós e ancestrais (isso até causa um desconforto na alma mais empreendedora).
É você ser capaz de dar continuidade a um fluxo vital que mantem a manifestação do espaço geográfico por meio do que as pessoas escolhem ser naquele espaço e no tempo. Que remontam desde que aquele espaço iniciou suas próprias histórias no tempo. Não é uma obrigação, é simplesmente o desenrolar mais um dia.
Quando uma sociedade é feliz essa energia ou combustível inunda o espaço e dá suporte para toda manifestação, seja ela de ordem física, emocional, cultural, politica, econômica, enfim. Essa alegria nasce no pertencimento de uma unidade celular social, e no seu cotidiano. Então as atividades diárias mais simples são muito importantes para o sucesso dessa comum unidade.
Os lugares vão dando forma a esse espaço para nossas escolhas diárias e nossas experiências vão imprimindo sensações que ficam marcadas na nossa memoria atual e ancestral. Por isso manter a memória viva o patrimônio é tão importante.
Quando olhamos para uma foto, para um prédio, sentimos o cheiro de uma comida, nos alimentos dos pratos típicos estamos ativando essa memoria esse sentimento e preenchendo os espaços com mais combustível para novas possibilidades de prosperidade e desenvolvimento. Honrando assim nossa ancestralidade em nós mesmos, já que temos o poder de escolher como queremos viver a cada dia. A esse sentimento de pertencimento está embutido o senso de responsabilidade local, fazendo com que cada um cuide muito bem dos patrimônios que formam os espaços e os lugares.
É vital que cada cidade mantenha esses locais vivos. Isso é uma responsabilidade do poder público e da própria sociedade. Quando isso não acontece se dá a oportunidade para a queda dessa sociedade por desassociarão cultural ou de si mesma, é mais fácil perceber isso no campo econômico e no desenvolvimento local.
Vamos utilizar Santa Branca como exemplo, a partir do mercado municipal e a praça Ajudante Braga. Esses dois lugares são pontos de convergência. O mercado uni pessoas por meio da troca ou fluxo de mercadorias. É lá que as pessoas se encontram, trocam receitas, cuidam de sua família, encontram amigos, conversam, se cuidam.
É lá também que o fluxo sadio do capital mante vivo os meios de produção e consumo. Se ele deixar de existir ou ficar muito tempo inacessível, todo esse fluxo cultural, social, econômico se desassocia e as pessoas perdem seu centro de referência. Quem de vocês pode colocar aqui a sensação de pertencimento ou uma lembrança de quando o mercado tinha a famosa quitanda do senhor Orestes, os secos e molhados da Dona Cesariana, o açougue do senhor João Maria. E antes deles, quando nossos antepassados traziam as verduras e galinhas da roça para vender no mercado, aproveitando para comer a comida cheirosa que vinha do restaurante do pai do professor Leopoldo e depois o bar do Sr. Alcides (alguém lembra do bife? Igual da minha avó).
Esses lugares têm vida própria. E as memorias e sensações dão força para que ele se mantenha sempre vivo. Vamos pensar em um local comum a todos nós. O mesmo aconteceu com a praça Ajudante Braga. Com a última reforma, o tempo de desassociação cultural foi suficiente para que ela deixasse de ter sua função social e comercial.
Agora eu gostaria de saber sua percepção, sua opinião sobre isso, você tem alguma memória desses lugares? Escreve aqui se você lembra de outro lugar que marcou sua vida então e vamos conversar sobre esse assunto.